quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O que faz uma música ser ruim?

Há diversas maneiras de se analisar uma música. Como toda obra de arte, a análise pode ser técnica, cultural, emocional e social. É curioso ver pessoas discutindo a relevância de certos estilos musicais, em relação a outros, levando em conta apenas os aspectos culturais e emocionais de ambos!

Assim, não dá para dizer, por exemplo, que heavy metal é "melhor" simplesmente por você se "identificar" mais com esse estilo do que com outros (exemplo de análise emocional: através da identificação sensorial) e, muito menos, por preferir cabelo comprido ao invés de rastafári ou chapéu de cowboy (exemplo de análise cultural: através da identificação comportamental). 

Isso, sem falar nas diversas experiências, que todos passamos durante a vida, que nos fazem amar ou odiar uma música pelo simples fato de a associarmos a um acontecimento, filme, pessoa ou sentimento marcante.

Podemos, também, identificar a função social de uma proposta musical, observando se sua motivação é artística ou apenas comercial. Muitas das "novidades" que aparecem são meras releituras ou reutilizações de fórmulas consagradas, com o objetivo de conseguir êxito comercial. Elas cumprem bem seu papel na indústria de entretenimento, mas seu sucesso é passageiro e irrelevante artisticamente.

Além da análise emocional, cultural e social, existem muitos outros aspectos que devem ser considerados e que compõem a análise técnica, levando em conta os elementos básicos de composição:

1) Elaboração melódica: riqueza e variedade de notas/ritmo que formam a melodia;

2) Harmonia: soluções diferentes e criativas de fazer as progressões (sequências) e montagens dos acordes;

3) Letra: preocupação estética, formal e poética no uso da linguagem, priorizando a forma de expressão ao conteúdo do texto em si (preocupação com o modo de dizer ao invés de somente com o que é dito);

4) "Levada": apresentar o padrão rítmico, característico do estilo musical escolhido, em formas variadas e/ou alternativas;

5) Instrumentação: criatividade e diversificação de sonoridade na escolha e utilização dos instrumentos musicais;

6) Dificuldade de execução: nível de complexidade técnica e/ou interpretativa para tocar;

7) Contexto histórico: conceitos técnicos e estéticos novos ou que estejam atrelados ao período em que foram concebidos. Quando a obra de arte "reflete" a realidade da época em que está inserida, torna-se atemporal (não perde sua importância) por sua característica documental, sendo muito valorizada por críticos e especialistas. Por isso, é bastante comum estilos novos serem rejeitados na época em que são criados e valorizados somente tempos mais tarde, quando o distanciamento histórico permite identificar, mais claramente, seus contextos e a influência que exerceram.

Como a Arte está sempre em sintonia com uma determinada cultura, região e período histórico (que ser humano não estaria?!), somente a análise técnica é isenta e impermeável por essas fortes influências "externas". Comece a reparar no grau de influência que suas preferências pessoais foram determinadas pelo meio em que você vive: verá que suas opiniões são mais influenciadas do que gostaria!


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